Desencaixotando Rita

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sábado, 1 de abril de 2017

"o método doppelgänger"

neste dia há de descobrir 
que dentro do teu tórax
habita uma granada fossilizada
com meu nome gravado

a letra que te fez fêmea 
      mistério veneno
e me privou de teu estatuto de bípede
    para inaugurar uma ordem secreta
      de concubinato
de circe sereia convite aberto
           para colisões contatos


para denunciar enfim em ti
           uma voz
capaz de hastear mortos
como bandeiras em riste
para desvendar o gesto feroz 
     o giro carpado
geometria incansável
da foda
do limite
das cordas

e ainda assim ser capaz de
arrancar furiosa o encanamento
          da tua planta hidráulica 
[tua superestimada liberdade]
            ter na ponta da língua
uma sentença óssea capaz de perfurar a membrana
                             sustar a anestesia
revelar tua rota fundamental de fuga

      sustentar aquilo que rui
           mas faz costa
a parte de ti que é pavimento
       e se curva em istmo
sintomática em seu mecanismo 
      de defesa contra a água


na convicção daquilo que se tinge
  e ainda assim permanece seco

no que insiste na afirmação
                  de propriedade 
                      do poema
               "esse poema é meu"
mas eu sigo mesmo vagarosa
            [na dúvida]
sigo na possibilidade de que 
este poema não seja meu

                  que animal é este?



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